Geladeira tem papel fundamental. A ampliação de sua presença, em todo o mundo, traz benefícios para a alimentação.

 Na Índia, apenas uma em cada quatro casas conta com o equipamento.




Por que você considera a geladeira a maior invenção do século 20? Várias outras pessoas já manifestaram essa mesma opinião. A geladeira, associada à presença de energia elétrica, revolucionou o mercado, tornando acessível a muito mais gente uma alimentação com qualidade e maior durabilidade. Beneficiou as pessoas do ponto de vista da conveniência, já que passaram a poder armazenar produtos sem ter de fazer compras diariamente. Ao mesmo tempo, contribuiu para a saúde, ao garantir a conservação adequada dos alimentos.

O que mudou com 95% das casas tendo geladeira no Brasil? Essa é uma realidade já presente nos países mais ricos e que chegou ao Brasil no último meio século. Além dos benefícios que já mencionei, uma melhoria fundamental foi o desenvolvimento do chamado “varejo moderno”. O crescimento e a modernização dos supermercados, açougues e quitandas só foram possíveis porque as pessoas hoje têm geladeira em casa. O que mais houve de positivo? É importante destacar, também, que em países quentes e úmidos, como o Brasil, os alimentos se deterioram mais rapidamente. 

Evitar esse problema é um ganho enorme. A situação é muito diferente na Ásia e na África? De maneira geral, sim, embora venha mudando rapidamente. Na China, por exemplo, a porcentagem de residências que contam com refrigerador cresceu muito nos últimos anos, alcançando 88% do total. Mas os números da Índia (24%), Indonésia (33%) e Filipinas (33%) mostram que ainda há muito para evoluir. Na África, a maioria dos países está no mesmo nível ou abaixo da Índia. Por que isso ocorre? A primeira explicação está ligada à renda. Ali ainda há muita pobreza. Outro motivo é a falta de uma rede elétrica confiável em muitos países, que leva as pessoas a não se sentirem seguras em armazenar produtos perecíveis. 

A questão cultural é a que tem menos peso, na minha opinião. Nesse aspecto, há sempre uma resistência das gerações mais velhas, que se habituaram, por exemplo, a comprar carnes em mercados tradicionais, onde o abate de animais é feito na hora ou na noite anterior. 

Mas a cultura muda rapidamente quando as pessoas têm rede elétrica e adquirem geladeiras. 
Como a pequena presença de geladeiras impacta o comércio de gêneros alimentícios? Nas viagens que fiz pela Ásia, me impressionei com a enorme presença dos wet markets (mercados molhados), chamados assim por causa das constantes lavagens para reduzir o risco de contaminação. Nesses locais, muitas vezes a céu aberto, estão presentes animais vivos e os produtos abatidos são expostos em bancadas, sem refrigeração. 

Na Índia e na Indonésia, mais de 90% do consumo é suprido por esses mercados. Em outros países da região, eles também são responsáveis pela maior parte do abastecimento. 
É uma situação precária do ponto de vista da conservação e da higiene – e que se torna absurda porque a Ásia abriga mais da metade da população mundial. 

POR EMBRACO

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